segunda-feira, outubro 31, 2005
IMAGENS EM CITAÇÃO
Em 1 de Outubro um terrorista explodiu-se num bar turístico na Indonésia. Os seus últimos passos foram filmados por uma câmara de vídeo e divulgados dois dias depois. As imagens, por alguma razão, tinham um ar policial. Parecia que o operador da pequena câmara andava atrás do rapaz da mochila. Mas podiam ser amadoras. Vá-se lá saber. Captadas por polícia ou por turista, eram amadoras mas impressionantes.
A capacidade descritiva da imagem é enorme. No caso, vimos perfeitamente o ambiente descontraído do bar e a determinação do anónimo terrorista, escolhendo o ponto mais interior do bar para se imolar.
A importância que a imagem adquiriu na vida contemporânea é penetrante, literalmente penetrante: na medicina e cirurgia a imagem tem permitido avanços na detecção e correcção de doenças e no conhecimento do funcionamento do corpo. Nos últimos tempos noticiários mostraram imagens duma operação ao nariz facilitada pelo vídeo; antes foi uma operação aos olhos: uma câmara de TV mostrou-nos uma sala cheia de médicos que a viam num ecrã gigante – os nossos olhos viram oftalmologistas olhando para imagens de um oftalmologista operando aos olhos... Seis olhares, seis imagens: a do doente, a do cirurgião, a da câmara, a dos médicos na sala, a da câmara de TV na sala, a do espectador em casa: haverá melhor exemplo da penetração da imagem – a visão em segunda mão ? na vida quotidiana e profissional?
De uma crónica de Eduardo Cintra Torres, Cidadãos quê? Público, dia 30 de Outubro 2005.
Em 1 de Outubro um terrorista explodiu-se num bar turístico na Indonésia. Os seus últimos passos foram filmados por uma câmara de vídeo e divulgados dois dias depois. As imagens, por alguma razão, tinham um ar policial. Parecia que o operador da pequena câmara andava atrás do rapaz da mochila. Mas podiam ser amadoras. Vá-se lá saber. Captadas por polícia ou por turista, eram amadoras mas impressionantes.
A capacidade descritiva da imagem é enorme. No caso, vimos perfeitamente o ambiente descontraído do bar e a determinação do anónimo terrorista, escolhendo o ponto mais interior do bar para se imolar.
A importância que a imagem adquiriu na vida contemporânea é penetrante, literalmente penetrante: na medicina e cirurgia a imagem tem permitido avanços na detecção e correcção de doenças e no conhecimento do funcionamento do corpo. Nos últimos tempos noticiários mostraram imagens duma operação ao nariz facilitada pelo vídeo; antes foi uma operação aos olhos: uma câmara de TV mostrou-nos uma sala cheia de médicos que a viam num ecrã gigante – os nossos olhos viram oftalmologistas olhando para imagens de um oftalmologista operando aos olhos... Seis olhares, seis imagens: a do doente, a do cirurgião, a da câmara, a dos médicos na sala, a da câmara de TV na sala, a do espectador em casa: haverá melhor exemplo da penetração da imagem – a visão em segunda mão ? na vida quotidiana e profissional?
De uma crónica de Eduardo Cintra Torres, Cidadãos quê? Público, dia 30 de Outubro 2005.
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