sexta-feira, maio 19, 2006
IMAGENS DO BRASIL
Os dias passam mas o morro Dois Irmãos, no Rio de Janeiro, o Calçadão, a Livraria da Travessa, as ruas de Sta Teresa, a praia de Ipanema, a Lagoa Rodrigo de Freitas bem como as imagens de ferro e fogo em S. Paulo, não se desvanecem. Como também não se desvanece a beleza paradisíaca de Búzios.
Chegado a Portugal, apanhei um táxi no aeroporto. O motorista era paulistano, um homem na casa dos 35/40 anos, negro leve. Está em Portugal há seis anos e quando falei em S. Paulo a sua resposta foi: "aquilo acontece porque no Brasil os presos são tratados como animais, não há respeito pelas pessoas". E contou o seu caso para demonstrar essa falta de respeito. Ficou sem economias no Governo de Collor, foi o que entendi. Não compreendi bem porquê. Mas sentiu-se espoliado. Depois comprou casa. Pagou vários anos a mensalidade. A empresa faliu. Ficou sem casa e sem o dinheiro. "A cabeça fervia-me com a impunidade dos que me deram cabo da vida", disse. Percebi que se lá estivesse teria talvez ficado tentado em participar nestes recentes tumultos. Por isso, quando lhe perguntei, se estava bem em Portugal, respondeu: "pelo menos minha cabeça já não ferve. "
O Brasil tem que resolver essa imensa injustiça social e de funcionamento institucional para ter paz no paraíso. Ao lado do Brasil, tudo é pequeno em Portugal. Mas nem tudo é pior, como nem tudo é melhor. As boas livrarias, por exemplo, são melhores lá. Ou, pelo menos, eu gosto mais. Mas gosto mais da tranquilidade portuguesa, onde o ferver de cabeça não existe ou, se existe, não se concretiza, felizmente, em actos violentos.
Chegado a Portugal, apanhei um táxi no aeroporto. O motorista era paulistano, um homem na casa dos 35/40 anos, negro leve. Está em Portugal há seis anos e quando falei em S. Paulo a sua resposta foi: "aquilo acontece porque no Brasil os presos são tratados como animais, não há respeito pelas pessoas". E contou o seu caso para demonstrar essa falta de respeito. Ficou sem economias no Governo de Collor, foi o que entendi. Não compreendi bem porquê. Mas sentiu-se espoliado. Depois comprou casa. Pagou vários anos a mensalidade. A empresa faliu. Ficou sem casa e sem o dinheiro. "A cabeça fervia-me com a impunidade dos que me deram cabo da vida", disse. Percebi que se lá estivesse teria talvez ficado tentado em participar nestes recentes tumultos. Por isso, quando lhe perguntei, se estava bem em Portugal, respondeu: "pelo menos minha cabeça já não ferve. "
O Brasil tem que resolver essa imensa injustiça social e de funcionamento institucional para ter paz no paraíso. Ao lado do Brasil, tudo é pequeno em Portugal. Mas nem tudo é pior, como nem tudo é melhor. As boas livrarias, por exemplo, são melhores lá. Ou, pelo menos, eu gosto mais. Mas gosto mais da tranquilidade portuguesa, onde o ferver de cabeça não existe ou, se existe, não se concretiza, felizmente, em actos violentos.
Sr.Abrantes,
bom ter vindo visitar meu país.
Entrei só para esclarecer aquilo que o senhor não entendeu bem do motorista de táxi: ele, como centenas de brasileiros, teve sua poupança bancária bloqueada pelo governo de F.Collor de Mello, que foi liberada quase dez anos depois sem o reajuste referente aos juros do período - ou seja, ele não pôde comprar a casa própria cf. o planejado.
Que o dito homem tenha se refeito do desastre!
Quanto às nossas livrarias, realmente são boas, mas as editoras daí são mais "caprichosas".