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quinta-feira, fevereiro 09, 2006
IMAGENS NA IMPRENSA E NOS MEDIA

Mario Bettencourt Resendes escreve hoje no DN sobre a fotografia dos ministros perfilados na assinatura dos protocolos com Bill Gates.

"Os fotógrafos estavam lá. Ao fundo, sobre a direita, sentado com algum formalismo, adequado à ocasião, José Sócrates. A seu lado, sorriso descontraído, a pose informal típica de um norte-americano (bem-nascido...) da Costa Oeste, William Gates. Em primeiro plano, a mesa. Da direita para a esquerda, aparece António Costa, boa disposição evidente, já a meio caminho da coluna erecta, talvez adivinhando a necessidade de se distinguir. De seguida, quatro ministros, curvados por igual sobre a mesa, como que alinhados num bailado que teria exigido cuidadoso ensaio, caneta na mão, assinam os protocolos. À esquerda, ligeiramente recuado, porventura a aguardar vaga na mesa, um sexto ministro.

Eis a imagem que valia mil palavras e que caiu como sopa no mel dos protestantes do costume Portugal aos pés do homem mais rico do mundo! Como era possível? Imaginava-se tal cena nos "países civilizados" desta Europa dos nossos dias? Não faltaram sequer alguns empresários nacionais preocupados com as "contrapartidas" do negócio, quiçá os mesmos que se especializaram em investir pouco mais do que os euros pedinchados ao Estado.

Disseram-se estas e outras coisas do género e, valha a verdade, a "foto assassina" alimentava bem o clamor."

Mais abaixo o colunista exprime depois o seu apreço sobre um bem inestimável, a liberdade de expressão:

"(...) O acrescento de uma adversativa à invocação da liberdade é sempre um passo de alto risco. Hoje não se publica "isto" para não ofender os sentimentos religiosos de uns, amanhã não se publica "aquilo" para não atingir as tradições culturais de outros... e acabou-se, muitas vezes, a não publicar "fosse o que fosse" para não irritar suas excelências, os poderes instalados.

Para confrontar estes problemas, os Estados de direito democráticos têm leis e tribunais, que regulamentam o exercício da liberdade de expressão e punem os abusos insensatos.

Atrasados no curso da História, a esmagadora maioria dos países muçulmanos invoca hoje a religião oficial para o atropelo sistemático dos direitos do homem e da mulher e para a perpetuação de regimes autoritários. Não têm, como é óbvio, qualquer legitimidade para reclamar restrições à liberdade de expressão nas democracias ocidentais."

A estranha morte do Ocidente de Luciano Amaral, também no DN, vai no mesmo sentido bem como Ele ofende-nos de Francisco José Viegas no JN. Outros vozes no Público argumentam na mesma direcção: José Pacheco Pereira na crónica Mais vale verdes que mortos mostra que, mais uma vez, se percebe como há apenas uma fina película entre a civilização e a barbárie." E "obriga" o Público a inserir uma das caricaturas de Maomé. Augusto M Seabra assina, no mesmo jornal, Em louvor da blasfémia.

Na segunda feira o Prós e Contras de Fátima Campos Ferreira também analisou este assunto. Eduardo Prado Coelho escreve um texto, Pensar a imagem, que nos leva a outras imagens, que também têm a ver com o que somos, hoje (no Público).



Um abaixo assinado
Como uma liberdade em que os dois primeiros subscritores são Tiago Barbosa Ribeiro e Rui Bebiano.

Uma manifestação logo às 15h (ver post anterior).
 
José Carlos Abrantes | 11:39 da manhã |


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