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terça-feira, março 28, 2006
LER OS MEDIA
José Carlos Abrantes

In Noesis, Nº45, Janeiro-Março 1998

"Alguns professores afirmam com veemência, mesmo com algum radicalismo, que a educação para os media, para ser bem sucedida, deve levar à produção de jornais, de vídeos, de sons. Percebe-se bem a necessidade deste vector, que, no entanto, não pode ser nem único nem prioritário. Percebe-se como? É que, entre outras explicações, há um mistério na representação da realidade que a todos nos fascina. E é natural que nos empenhemos a desvendar os mistérios que a vida nos coloca. Logo gostamos de perceber como "nasce" uma fotografia, como se "constrói" um telejornal, como se "fabrica" uma peça para um orgão da imprensa escrita, como se tranformam as sonoridades recolhidas por um microfone. Pessoalmente acho que é um bom programa para a educação para os media. Acho porém que nem sempre é possível, nem sempre é necessário, nem sempre se justifica.
Em primeiro lugar, devemos ter em conta o facto de todos sermos utilizadores, consumidores de jornais, de rádio, de televisão, de imagens e de sons e de poucos sermos criadores nesses domínios. Se todos somos consumidores e se poucos somos criadores poderemos inferir que intervir na educação para os media de forma eficaz implica atingir a maioria, a grande massa dos telespectadores, dos leitores, dos que ouvem rádio. Ora, essa intervenção só pode atingir o "grande público" se fôr pensada em termos de uma formação para a utilização, para a leitura das mensagens mediáticas."


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José Carlos Abrantes | 12:35 da tarde |


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