quarta-feira, agosto 15, 2007
A CENA DO CRIME
A cena do crime é uma expressão um pouco contraditória: o encenado opõe-se frequentemente ao real. A expressão, no entanto, tem todo o sentido na boca dos investigadores criminais. O cenário de um crime deve ser preservado e examinado, explica, num texto escrito para o DN, José Manuel M. Anes, ex-criminalista do Laboratório de Polícia Científica da PJ. É muito salutar no jornalismo a tendência de colocar especialistas a emitir opinião pontual sobre questões que tomam conta do debate público. O Público faz o mesmo utilizando um "especialista" de ciclismo, Marçal Grilo, no comentário à etapa da Torre.
A opinião especializada de Miguel Gaspar, um jornalista, sobre o caso Madeleine e a de Vasco Graça Moura sobre José Saramago, no DN, mostram-nos quão importante é a opinião no jornalismo e a vantagem desta ter diferentes origens e géneses.
15.08.2007, Miguel Gaspar
Ultrapassada a barreira dos 100 dias, o caso Madeleine McCann está prestes a atingir o zénite, no ambiente próprio de um romance de Agatha Christie. O que fez cada protagonista nas três ou quatro horas em que tudo aconteceu na praia da Luz? O casal McCann e o seu grupo de amigo parece apenas esperar a cena final em que o Poirot accionará as suas pequenas células cinzentas e identificará o culpado numa cena teatral, para surpresa do público e alívio dos inocentes.
Esta é apenas uma das hipóteses narrativas que o caso oferece, mais de três meses após a tragédia que vitimou uma criança que não sabemos se chegou a fazer quatro anos. Neste longo e intenso percurso, mostrou-se de novo como existe nos media a tendência para transformar as notícias em narrativas, associando elementos de verosimilhança a crenças inconscientes ou a preconceitos. Não vale a pena discutir a objectividade ou a subjectividade do jornalismo, quando o jogo assenta em desvalorizar que se sabe muito pouco e a construir um sentido, eventualmente forçá-lo, a partir do pouco que se sabe." (no Público)
A opinião especializada de Miguel Gaspar, um jornalista, sobre o caso Madeleine e a de Vasco Graça Moura sobre José Saramago, no DN, mostram-nos quão importante é a opinião no jornalismo e a vantagem desta ter diferentes origens e géneses.
15.08.2007, Miguel Gaspar
Ultrapassada a barreira dos 100 dias, o caso Madeleine McCann está prestes a atingir o zénite, no ambiente próprio de um romance de Agatha Christie. O que fez cada protagonista nas três ou quatro horas em que tudo aconteceu na praia da Luz? O casal McCann e o seu grupo de amigo parece apenas esperar a cena final em que o Poirot accionará as suas pequenas células cinzentas e identificará o culpado numa cena teatral, para surpresa do público e alívio dos inocentes.
Esta é apenas uma das hipóteses narrativas que o caso oferece, mais de três meses após a tragédia que vitimou uma criança que não sabemos se chegou a fazer quatro anos. Neste longo e intenso percurso, mostrou-se de novo como existe nos media a tendência para transformar as notícias em narrativas, associando elementos de verosimilhança a crenças inconscientes ou a preconceitos. Não vale a pena discutir a objectividade ou a subjectividade do jornalismo, quando o jogo assenta em desvalorizar que se sabe muito pouco e a construir um sentido, eventualmente forçá-lo, a partir do pouco que se sabe." (no Público)
Prefiro a expressão "local do crime" porque a "cena", ou o "cenário", não esgota a investigação dos criminalistas. Se assim fosse, a mesma limitar-se-ia ao corpo de delito e não a toda a envolvente.