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sexta-feira, agosto 08, 2003
Como tem havido dificuldades na publicação de textos e alguns foram por mim indevidamente apagados, volto a fazer a publicação de tudo que havia escrito em Agosto.

7 de Agosto
IMAGENS e POLISSEMIA

Vou outra vez socorrer-me da poesia, desta feita de António Gedeão para deixar uma reflexão sobre as várias leituras (vários sentidos, polissemia) que as imagens (e a vida) proporcionam

Impressão Digital

Os meus olhos são uns olhos
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
nao vêem escolhos menhuns.

Quem diz escolhos diz flores
de tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
Onde passa tanta gente,
Uns vêem pedras pisadas,
Mas outros, gnomos e fadas
Num halo resplandecente.

Inútil seguir os vizinhos,
querer ser depois ou ser antes
cada um e seus caminhos
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

Antonio Gedeão, 1956
Movimento perpétuo

Na leitura das imagens, porém, quando esta se faz colectivamente e uns se escutam aos outros, muitas vezes as leituras iniciais são abandonadas ou corrigidas pela escuta que cada um faz do outro. Percebem-se detalhes, descobrem-se itinerários diferentes, olha-se para aspectos não vistos ou não interpretados.
Também na vida e assim, se Sancho e Pançaa souberem dialogar. Mas, em geral, não sabem. Por isso o povo diz "Pior cego o que não quer ver, pior surdo o que não quer ouvir?".E por isso também Gedeão afirma:

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.



6 de Agosto
IMAGENS E FINGIMENTO

Os fingimentos da poesia

Lendo há dias algumas passagens de uns discursos sobre a maneira de compôr o romance e a tragédia, publicados por j. garibaldi no ano de 1554, chamou-me a atençao o longo processo que leonardo da vinci seguiu até pintar a cabeça de judas no seu quadro de a ceia. Depois de, mediante um aturado estudo dos evangelhos, ter reconstituido o ambiente e cada uma das personagens que tencionava representar , depois de ter pintado todo o quadro, so lhe faltava aquela cabeça. Todo os dias ia à procura dela ao borghetto, o bairro de milao onde nesse tempo se reunia a ralé. Até que finalmente a descobriu. Pegou nela, levou-a consigo e meteu-a no quadro.
Semelhante descriçao parece-me ilustrar um dos caminhos do poeta. Arranca esse senhor à linguagem quotidiana aquelas palavras que lhe faltavam para fechar um poema. Como é que la chega? Pegando naquilo que vê, pensa ou sente e sacrificando-o ao fio da sua meditaçao. Despreza aquele conjunto de circunstâncias que rodeavam a palavra e da nova arrumaçao à palavra liberta. Tanto faz que se fale de desumanizaçao, como de falsidade, como de fingimento.

Ruy Belo (1933-1978)
Homem de Palavra/s)

Tal como na poesia, as imagens também sao fingimento. Ou para nos darem o retrato do fingimento e do sonho, ou para, com fingimento, nos aproximarem do real....



6 de Agosto
IMAGENS E VISIBILIDADE
Fui apenas a 3 exposições da LisboaPhoto. A do CCB (Arquivos e Simulaçoes), a de Carlos Relvas que está no Museu de Arte Antiga e e a de Eduardo Portugal, que está no Convento das Bernardas.
Tentei ir e fui de propósito à de Luís Pavão, no Oceanário, mas já não estava. Já tinha saído. A de Eduardo Portugal visitei-a na tarde de domingo, mas tentara durante a manhã, mas a exposição só estava aberta a partir das 14h. A de Carlos Relvas no Museu de Arte Antiga apanhei-a de manhã mas fecharia durante a tarde e foi aquela em que me cruzei com mais visitantes, alguns turistas.
Dá a sensação que o trabalho feito não tem o publico que merece. Mas o publico não pode procurar exposições se umas são de manhã, outras à tarde, se os horarios nao são explicitos nos programas, por exemplo. Faz muita confusão que um trabalho de tanta qualidade (pelo que vi) não preveja formas de divulgação que dêm outra visibilidade às imagens expostas. Ou que tendo-as previsto não tenha corrigido e melhorado essa divulgação de modo a dar-lhes outra visibilidade. É que hoje há a televisão, um dispositivo de visibilidade permante para as imagens…Mas também ela, sem memória pública em Portugal.

5 de Agosto
IMAGENS DE SATÉLITE

Na primeira pagina do Público, de hoje, uma foto divulgada pela NASA mostra os fogos em Portugal. Percebem-se com clareza as nuvens de fumo a elevarem-se para os céus retirando essas colunas de fumo a visibilidade ao relevo da País, na parte cEntro e Norte. Uma imagem que transforma a percepção da dimensão da catastrofe.


4 de Agosto
IMAGENS DA CIDADE

Comprei hoje, na Bertrand, a revista Arquitectura e Vida pois traz um projecto de um Centro de Recursos (da Benedita) e uma entrevisa com James Lerner, ex prefeito de Curitiba e também governador do Estado do Paraná. Já há algum tempo que o DNA (julgo que em Maio) trouxe tambem uma entrevista com este homem, cujo perfil me fascinou e me deixou curioso de conhecer Curitiba. Nesta entrevista, JL diz que a "cidade é como uma fotografia de família. Você vê o retrato da família e pode não gostar de um tio ou de uma tia mas não o rasga porque esse retrato é você." Afinal a cidade também é memória de todos e cada um.
E a imagem da cidade é feita pelos que a planeiam e pelos que a vivem, no dia a dia agitado, calmo, ansioso, trabalhador ou preguiçoso. Com memórias de ontem e projectos para amanhã.

4 de Agosto
IMAGENS E MEMÓRIA
Fui ontem, domingo, ver a exposição da LisboaPhoto que esta no Convento das Bernardas (perto da Embaixada de França). Entre as 18h e as 19h. Fui único visitante. E vale bem a pena ver a Lisboa dos anos 40, 50 a crescer e nalguns casos a ficar mais bonita (por exemplo, na Praça da Figueira ou no Rato…). Algumas fotografias impressionaram-me: uma de cerca dos anos 1940, em Marvila, fez-me lembrar o século XIX tal o ar dos barracoes, das pessoas retratadas. A Avenida do EUA ainda só construida de um lado, uma Avenida 5 de Outubro irreconhecivel no local do comboio…Memórias agradecidas a Eduardo Portugal.

3 de Agosto 2003
IMAGENS E MEMÓRIA

Condutores de Memória - Um Histórico Cultural da Grande Tijuca é um projecto a que se refere a Folha on line e que prevê a utilização de registos video e fotografia para fazer uma intervenção social em algumas favelas do Rio.


"E foi também para mostrar que a história das favelas cariocas não é feita só de episódios violentos que as agentes comunitárias Ruth Pereira de Barros, 52, Mauriléa Januário Ribeiro, 50, e Maria Aparecida Coutinho, 35, dos morros da Casa Branca e do Borel, deram início a um trabalho, cujos objetivos finais, ainda não alcançados por falta de dinheiro, são a publicação de um almanaque e a montagem de um centro de memória.
O projeto é uma das muitas iniciativas que estão nascendo no Rio para resgatar a história dos morros. Existem idéias parecidas na Mangueira e na Maré, ambas na zona norte, e nos Prazeres e na Rocinha, na zona sul.

Elas aproveitaram os cursos de cidadania para lideranças locais organizados pela ONG Gestão Comunitária para começar o trabalho por oficinas com os moradores mais antigos dos morros do Borel, da Casa Branca, do Andaraí e da Chácara do Céu. As próximas favelas a serem beneficiadas serão Salgueiro e Formiga.

…"Muitos tinham vergonha de morar na favela, porque achavam que ela só tinha casos de violência para contar. Agora, entenderam que não é assim", afirma Maria Aparecida.

A imagem tem um papel social de reconhecimento que aje muito bem em comunidades mais restritas do que as entidades nacionais. De facto, devolver a imagem de si aos actores sociais que constroem o quotidiano pode ter um efeito muito importante no questionamento dessas práticas sociais, na imagem estereotipada que se constroi sobre os locais, as pessoas, o tempo, a história.
 
José Carlos Abrantes | 2:48 da tarde |


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