terça-feira, agosto 12, 2003
IMAGENS: O retrato em fotografia
Eduardo Prado Coelho escreve hoje sobre uma revista "In Si(s)tu", publicada no Norte e que vai no 6º volume publicado. E debruça-se mais particularmente sobre as fotografias de Ângelo de Sousa. Diz EPC: "Mas o que me interessa nestas belíssimas fotografias é o facto de elas nos mostrarem uma certa dimensão do olhar. Quando se tira um retrato (e o verbo "tirar" indica que alguma coisa se extrai de alguém), aquele que retrata sabe que o retratado procura dar uma imagem de si próprio. Essa imagem é regulada por convenções sociais (eu sou o cozinheiro, eu sou o patrão, eu sou o polícia, e assim por diante), por um determinado ideal do eu, ou por uma tentativa de corresponder ao desejo do outro (se tu me amas, eu dou-te a imagem que tu desejas em mim). A estas várias determinações corresponde o nome de "pose". A pose é o modo como cada um de nós se põe para entrar no espaço que o outro nos compõe. "
Um dos géneros da fotografia mais trabalhado é o do retrato, alás presente logo desde o início da fotografia. Nadar fotografou figuras públicas da sua época, intelectuais como Balzac e Baudelaire. Segundo Nadar "trata-se de observar o carácter do modelo e de o captar na sua expressão verdadeira, na sua forma mais habitual ao mesmo tempo que mais favorável". Um dos inventores da fotografia, Bayard, fez a primeira fotografia ficcionada que se conhece com Auto-retrato de um afogado: Bayard fotografou-se a si próprio, desnudado, simulando estar morto. Trata-se de um protesto pois Bayard vira o governo francês dar a Daguerre apoio pela invenção da fotografia, colocando Bayard (que havia inventado outro processo fotográfico) no anonimato.
Interessante também EPC ter acentuado o aspecto de tirar uma fotografia ser "tirar" algo a alguém: Balzac acreditava que cada vez que era fotografado uma ténue película de si próprio passava para a fotografia, com se cada um de nós fosse constituído por uma série de finíssimas camadas materiais, sobreposto, a exemplo das camadas de uma cebola.
A pose tem evoluído ao ponto de hoje as fotografias serem mais valorizadas ou pelo menos melhor aceites sempre que a pose parece não existir.
Eduardo Prado Coelho escreve hoje sobre uma revista "In Si(s)tu", publicada no Norte e que vai no 6º volume publicado. E debruça-se mais particularmente sobre as fotografias de Ângelo de Sousa. Diz EPC: "Mas o que me interessa nestas belíssimas fotografias é o facto de elas nos mostrarem uma certa dimensão do olhar. Quando se tira um retrato (e o verbo "tirar" indica que alguma coisa se extrai de alguém), aquele que retrata sabe que o retratado procura dar uma imagem de si próprio. Essa imagem é regulada por convenções sociais (eu sou o cozinheiro, eu sou o patrão, eu sou o polícia, e assim por diante), por um determinado ideal do eu, ou por uma tentativa de corresponder ao desejo do outro (se tu me amas, eu dou-te a imagem que tu desejas em mim). A estas várias determinações corresponde o nome de "pose". A pose é o modo como cada um de nós se põe para entrar no espaço que o outro nos compõe. "
Um dos géneros da fotografia mais trabalhado é o do retrato, alás presente logo desde o início da fotografia. Nadar fotografou figuras públicas da sua época, intelectuais como Balzac e Baudelaire. Segundo Nadar "trata-se de observar o carácter do modelo e de o captar na sua expressão verdadeira, na sua forma mais habitual ao mesmo tempo que mais favorável". Um dos inventores da fotografia, Bayard, fez a primeira fotografia ficcionada que se conhece com Auto-retrato de um afogado: Bayard fotografou-se a si próprio, desnudado, simulando estar morto. Trata-se de um protesto pois Bayard vira o governo francês dar a Daguerre apoio pela invenção da fotografia, colocando Bayard (que havia inventado outro processo fotográfico) no anonimato.
Interessante também EPC ter acentuado o aspecto de tirar uma fotografia ser "tirar" algo a alguém: Balzac acreditava que cada vez que era fotografado uma ténue película de si próprio passava para a fotografia, com se cada um de nós fosse constituído por uma série de finíssimas camadas materiais, sobreposto, a exemplo das camadas de uma cebola.
A pose tem evoluído ao ponto de hoje as fotografias serem mais valorizadas ou pelo menos melhor aceites sempre que a pose parece não existir.