domingo, novembro 26, 2006
A FÁBRICA DO OLHAR Excerto Capítulo XX
Capítulo XX A CONSTRUÇÃO DO VESTÍGIO Passy, 1980
O desenho de arqueologia necessita de cerca de 18 profissões diferentes, desde o arquitecto responsável pela construção do registo global de um sítio e dos seus objectos até ao artista, especialista em desenhos de objectos líticos destinados às publicações; desde o perito em desenho de computador até ao aguarelista. Traço dos vestígios, este desenho utiliza simultaneamente códigos gerais (que desempenham o papel de passadores, cambistas) e códigos pessoais, definidos pelo desenhador. Deste modo, os traçados de impacto sobre um instrumento de sílex obedecem a códigos gerais, enquanto que a representação do próprio material do instrumento – se existir – decorre da escolha pessoal do desenhador. Alguns códigos actualmente usados são directamente tributários dos gestos da gravura do século XIX; só o seu significado mudou. As estrias paralelas das gravuras do século XIX indicavam as relações de sombra e luz nos instrumentos líticos. Conferiam uma impressão de relevo ao desenho. Ainda utilizadas pelos desenhadores contemporâneos, traduzem hoje também a direcção do impacto de um objecto de percussão.