quarta-feira, janeiro 28, 2004
LEITURA DA IMAGEM
O olhar é construído, logo é preciso que seja objecto de ensino. A leitura da imagem, a pedagogia do olhar, a educação para os media são corolários naturais da concepção do olhar como construção.
A leitura da imagem tem mesmo uma dimensão cívica pois permite o confronto de leituras diversas. Essa diversidade de leituras pode levar a comportamentos de escuta do outro, das suas razões, do seu percurso, pode provocar significações sobre elementos que nos deixaram indiferentes e que foram mais pertinentes para outros leitores.
Deixem-me recordar a fotografia 96, do livro Cem fotos do século, relacionada com o massacres de 1994 no Ruanda. Procura pela imagem, lia-se no letreiro colocado à entrada da tenda. Duas mulheres de costas uma para a outra olham dezenas de fotografias expostas no interior de uma tenda branca. São mães que viram os seus filhos desaparecidos no turbilhão dos massacres e dos movimentos dos milhares de refugiados. Um organismo internacional, já com experiências semelhantes noutros casos, fotografou essas crianças desaparecidas para os pais e familiares reconhecerem. Esses familiares passam no interior das tendas e tentam reconhecer os seus. O fotógrafo conta que o olhar destes africanos não reconhece facilmente a imagem na fotografia. "Tirei a fotografia a mim próprio e pergunto às pessoas que procuram os seus familiares: Conhece esta pessoa?" O fotógrafo
revela a sua perplexidade. Muitos dizem nunca ter visto aquele senhor, alipresente junto a eles. Uma mulher, ao ver o rosto do filho, chora: a fotografias de tipo passe, induzem-na a crer que os seus foram barbaramente esquartejados, pois apenas resta a cabeça.As fotografias foram repetidas em cinco locais de exposição diferentes. Muitos vão ver todas as exposições. Alguns pais só encontram o filho na 5ª exposição depois de uma habituação visual aos rostos fotografados.
Ver implica alguma informação prévia, alguma adaptação aos códigos de representação.
O olhar é construído, logo é preciso que seja objecto de ensino. A leitura da imagem, a pedagogia do olhar, a educação para os media são corolários naturais da concepção do olhar como construção.
A leitura da imagem tem mesmo uma dimensão cívica pois permite o confronto de leituras diversas. Essa diversidade de leituras pode levar a comportamentos de escuta do outro, das suas razões, do seu percurso, pode provocar significações sobre elementos que nos deixaram indiferentes e que foram mais pertinentes para outros leitores.
Deixem-me recordar a fotografia 96, do livro Cem fotos do século, relacionada com o massacres de 1994 no Ruanda. Procura pela imagem, lia-se no letreiro colocado à entrada da tenda. Duas mulheres de costas uma para a outra olham dezenas de fotografias expostas no interior de uma tenda branca. São mães que viram os seus filhos desaparecidos no turbilhão dos massacres e dos movimentos dos milhares de refugiados. Um organismo internacional, já com experiências semelhantes noutros casos, fotografou essas crianças desaparecidas para os pais e familiares reconhecerem. Esses familiares passam no interior das tendas e tentam reconhecer os seus. O fotógrafo conta que o olhar destes africanos não reconhece facilmente a imagem na fotografia. "Tirei a fotografia a mim próprio e pergunto às pessoas que procuram os seus familiares: Conhece esta pessoa?" O fotógrafo
revela a sua perplexidade. Muitos dizem nunca ter visto aquele senhor, alipresente junto a eles. Uma mulher, ao ver o rosto do filho, chora: a fotografias de tipo passe, induzem-na a crer que os seus foram barbaramente esquartejados, pois apenas resta a cabeça.As fotografias foram repetidas em cinco locais de exposição diferentes. Muitos vão ver todas as exposições. Alguns pais só encontram o filho na 5ª exposição depois de uma habituação visual aos rostos fotografados.
Ver implica alguma informação prévia, alguma adaptação aos códigos de representação.